considerações de uma passante ao acaso
de fora pra dentro:
na pracinha duas menininhas de mãos dadas namoravam as passarinhas arrulhavam os passarinhos lamentavam a má sorte.
inveja mata.
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gatos cachorros vagabundos proliferam nas ruas dormem sob as marquises tomam banho de sol no centro do coreto e trepam entre as rodas dos carros estacionados.
eles são felizes. eu queria ser.
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o ciclista mandou o motorista à merda o motorista fechou o ciclista no cruzamento entre a rua tal e a avenida principal o ciclista caiu o motorista descarregou seu 'tresoitão' a esmo ninguém morreu. de menos o alfredo que não tinha nada a ver com a história e estava entregando flores pruma dona de um prédio em frente.
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passei na costureira e ela disse é pano demais pra criatura de menos mandei fazer um vestidinho com os retalhos. ser baixinha tem suas vantagens.
mariza lourenço
[imagem de wings of a messiah]
13 comentários:
Pontuais, cinematográficos e cubistas, seus textos, Mariza, dispensam a pontuação, de sorte que se impõem como um poema concreto... ou uma aldravia... (fiz algumas recentemente.)
4:38 PMIsso fica bem explícito no primeiro texto... em que o apelo homossexual surge, seguido de uma “moral” de que a inveja mata... Eis o maniqueísmo hetero x homo... Um prato cheio para a crítica psicanalítica... kkk
uma delícia de ler.
1:17 AMFiquei com a presença de Baudelaire e seu flaneur na cabeça. Que bom, né?
8:55 AMAZ, que comentário chique. acho que eu sou um prato cheio pra qualquer psicanalista... hehehe
10:47 AMbeijo
madame, essas cotidianidades me encantam.
10:48 AMobrigada.
beijos
bota bom nisso, Fred. *;)
10:49 AMum beijo e obrigada pela visita.
uma delícia!
2:18 PMum cachorrinho não inventa tantos problemas quanto nós.
5:09 PMBeijo
Gostei do que li:)1
7:07 PMFez-me recordar uma escrita cinematográfica neo-realista!
Abraço
mariza,
1:54 PMeu comecei a ler e as imagens foram se fundindo a outras imagens. a do ciclista, por exemplo, esbarrou no ruffato, em eles eram muitos cavalos...
tem essa dinâmica, esse corre-corre, som de burburinho.
beijão,
r.
escrever como quem conversa.
12:16 AMé esse o pulo do gato.
Bom de ler e reler.
9:44 PMManoel Carlos
uai, so, nao nos brinca mais com seus textos?
11:52 PMseja bem-vindo, bem-vinda.
será um prazer ler e responder seu comentário, no entanto, optei por não aceitar comentários anônimos, ofensivos ou que, de alguma maneira, possam constranger aqueles que gentilmente se dispõem a me visitar.
grata,
mariza lourenço